Site da Serra

MENU

Colunas / MIADOS & LATIDOS

Quando o pet parte: como entender e atravessar o luto por um animal de estimação

Nesta semana, vamos falar sobre a perda de um pet e as fases do luto neste momento difícil

Quando o pet parte: como entender e atravessar o luto por um animal de estimação
A-
A+
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

Perder um pet é perder um membro da família. A ligação cotidiana, o cuidado, as rotinas e o afeto criam um vínculo profundo e quando esse vínculo se rompe pela morte, é normal sentir dor intensa, confusão e vazio.

A reação ao luto por um animal de estimação pode variar muito de pessoa para pessoa: algumas sentem tristeza profunda por dias, outras por meses; para uma parcela, a dor pode reaparecer em datas importantes ou ao encontrar objetos que lembram o pet.

Como o luto se manifesta (sinais comuns)
O luto não é só “ficar triste”. Ele costuma afetar o corpo, a mente e o comportamento. Sintomas frequentes incluem:
• Tristeza, choro e sensação de perda irreparável.
• Pensamentos intrusivos sobre o pet e dificuldade para se concentrar.
• Mudanças no apetite (aumento ou diminuição) e no sono (insônia ou sono em excesso).
• Sintomas físicos como dor de cabeça, cansaço, perda de energia e alterações gastrointestinais.
• Sentimentos de culpa (por decisões médicas, por não ter percebido sinais, etc.) ou raiva.
Em alguns casos aparecem ansiedade e até sintomas de depressão; em outros casos, as pessoas apresentam reações mais comportamentais: evitar lugares que lembram o pet ou manter rituais para “continuar ligado” à memória.

Diferença entre luto normal e quadro que exige atenção
É normal que a intensidade da dor diminua com o tempo, ainda que certos gatilhos (aniversário, data de adoção, ouvir música, cheiros, etc.) tragam a tristeza de volta. No entanto, há sinais de que o sofrimento precisa de atenção profissional, fique atento caso:
• A dor é tão intensa que impede rotina básica (trabalhar, comer, dormir) por semanas a fio.
• Surgem pensamentos persistentes de inutilidade, desesperança, autodepreciação ou ideias sobre autolesão.
• A pessoa não consegue retomar atividades que antes davam prazer, mesmo meses depois.
Estudos e revisões indicam que uma parcela das pessoas pode apresentar luto prolongado ou complicado, que se associa a piora do bem-estar social e emocional e maior risco de depressão. Nessas situações, procurar ajuda profissional é recomendável.

Fatores que tornam o luto mais difícil
Algumas situações aumentam a intensidade ou a duração do luto:
• Perda de um pet muito ligado ao dono (animaiscom vínculo forte são mais difíceis de perder).
• Morte súbita ou traumática, sem chance de despedida.
• Rede de apoio insuficiente: amigos e familiares que minimizam a dor (“era só um animal”) — isso pode provocar a chamada “tristeza desautorizada”, dificultando o processamento.
• Situações de múltiplas perdas ou histórico pessoal de perdas complicadas na vida.

Estratégias que ajudam a atravessar o luto
Não existe uma “receita” única, mas práticas com respaldo clínico e aceitas por serviços especializados costumam ser úteis:
• Permitir a dor — reconhecer e nomear os sentimentos sem se julgar; chorar e falar sobre a perda ajuda o processamento emocional.
• Rituais de despedida — velas, fotos, escrever uma carta ao pet, guardar uma lembrança, etc,podem trazer sentido e ajudar a marcar a transição.
• Compartilhar a experiência — conversar com pessoas que entendem, participar de grupos de apoio ou linha direta especializada. Não subestime o valor de falar com quem já passou por isso.
• Cuidar do corpo — alimentação regular, hidratação, atividade física leve e dormir bem, reduzem sintomas físicos do luto.
• Manter memórias saudáveis — criar álbuns, caixa de lembranças ou rituais anuais pode transformar a memória em fonte de afeto em vez de só dor.
• Evitar decisões impulsivas — se for considerar adotar outro animal, espere até sentir que há espaço emocional — substituir imediatamente o pet raramente resolve o processo de luto.

Crianças e luto por pets
Crianças reagem de formas diferentes conforme a idade. É importante:
• Falar com sinceridade, em linguagem adequada à idade.
• Permitir que expressem emoções e participação em rituais de despedida (se apropriado).
• Observar mudanças de comportamento (regressão, mudanças no sono, queda no rendimento escolar) e procurar orientação de um psicólogo infantil se as reações forem intensas ou durarem muito.

Frases gerais que confortam
• “Eu sinto muito pela sua perda.”
• “Tudo bem sentir tristeza."
• "Não tem problema chorar.”
• “O que você mais lembra do [nome do pet]?” (estimula a fala e recordações positivas)
• “Vamos guardar uma lembrança juntos?” (convida à participação em ritual)
• “Se quiser conversar agora ou depois, eu estou aqui.”
• “A ligação emocional de vocês foi importante e não precisa minimizar isso.”
• “Se sentir que está demais, a gente pode falar com alguém que ajude a lidar isso melhor."

E os outros animais da casa?
Animais que conviviam com o pet falecido também podem demonstrar alterações: procurar mais contato, ter perda de apetite ou mudança de comportamento. Eles não “entendem” a morte como humanos, mas sentem a ausência de companhia e as mudanças na casa; manter rotina, alimentação e atenção ajuda a minimizar o impacto.

Qual é o papel do médico veterinário?
Veterinários e clínicas têm papel importante não só no cuidado do animal mas também no suporte ao tutor: ter uma comunicação empática antes, durante e depois de procedimento de eutanásia, dar explicações claras sobre qual era o estado de saúde do pet antes de falecer e também encaminhar tutores a serviços de apoio podem reduzir sentimentos de culpa e isolamento.

Quando procurar ajuda profissional
Procure um profissional de saúde mental se:
• A tristeza impede suas atividades diárias por tempo prolongado.
• Surgem pensamentos de machucar a si mesmo.
• Há sintomas intensos de depressão e/ou ansiedade que não diminuem.
Terapias podem ajudar a trabalhar todos esses pontos e grupos de apoio específicos para perda de pets também costumam oferecer alívio prático e emocional.

Mensagem para aqueles estão luto por seus pets
Luto por um pet é real, legítimo e deve ser tratado com todo respeito tanto por você mesmo quanto pelas pessoas ao seu redor. Permita-se sentir, procure companhia que entenda a sua dor e use rituais e memórias para transformar essa perda em uma história de amor que continua, de outra forma, na sua vida. Se a dor apertar demais e surgir a dúvida sobre o que fazer, lembre-se que buscar ajuda é coragem e um passo importante para cuidar de quem ficou: você.

Publicidade

Leia Também:

Créditos (Imagem de capa): Reprodução/Freepik

Comentários:

Esther Nobre

Publicado por:

Esther Nobre

Saiba Mais